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Resumo da Aula 4
Na aula anterior, discutimos os dois caminhos de aprendizado do tarot: o caminho intuitivo e o caminho esotérico. Contextualizamos esses caminhos, adiantando um pouco sobre a história do tarot e comparando-os para entender que ambos conduzem ao mesmo ponto — mas é ao aprender a partir dos dois que alcançamos um entendimento mais integrado do tarot.
Continuem compartilhando suas pesquisas sobre a intuição aqui para que possamos aprender uns com os outros. Também falamos sobre como a pesquisa e a formação de opiniões — sem nos limitarmos ou nos apegarmos a elas — são importantes, não apenas no estudo do tarot, mas também na hora de realizar leituras.
Contextualizando os Quatro Elementos
A própria estrutura do tarot pode nos orientar sobre como aprender as cartas.
Embora apresentarei a estrutura do tarot em uma aula separada, considero valioso, neste momento, explorar a estrutura dos quatro elementos presentes no tarot, pois ela pode oferecer dicas e reflexões sobre como podemos aprender.
Para quem não sabe, ao falarmos dos quatro elementos, referimo-nos ao fogo, à água, ao ar e à terra.
A história e o desenvolvimento dos quatro elementos são temas fascinantes em si, que não abordaremos em profundidade hoje. Porém, vale mencionar brevemente que, no contexto histórico e filosófico do tarot, os quatro elementos vêm da tradição oculta ocidental, mencionada na aula anterior.
Nessa tradição, os quatro elementos têm suas raízes na filosofia grega, onde o pensamento sobre eles se desenvolveu.
Embora os quatro elementos sejam frequentemente mencionados, nem sempre isso é acompanhado de um interesse pela história dos elementos em si.
Usaremos os quatro elementos para entender quatro formas de aprender o tarot. Farei um breve resumo nesta aula para fornecer um pouco de contexto que ajudará em nossa compreensão.
Ao falar sobre a história dos quatro elementos, refiro-me aos elementos na filosofia grega e ao impacto desse pensamento ao longo dos séculos na Europa até o início do período moderno (século XVIII).
Como provavelmente sabem, também existem, em outras culturas e épocas, diferentes classificações de elementos, que variam em relação aos quatro elementos gregos.
Embora essas diferenças existam, considero interessante que pessoas em várias culturas e épocas tenham desenvolvido sistemas de elementos — mesmo quando os elementos definidos diferem.
Pesquisa não obrigatória
Para quem tiver interesse, recomendo uma pesquisa sobre os diferentes entendimentos dos elementos, explorando suas distinções e semelhanças, além das hipóteses sobre por que, apesar de tanta diversidade, o ser humano chegou a buscar entender o mundo a partir dos elementos.
Os gregos começaram a refletir sobre os elementos há cerca de 2.600 anos, na época pré-socrática, por volta do século VI a.C., com filósofos propondo e discutindo sobre o tema. A motivação desses filósofos era entender o mundo e sua composição de forma analítica, sem depender dos deuses.
Aqui nasce a origem dos quatro elementos, mas, no início, esses elementos não eram necessariamente considerados simultaneamente, e os filósofos debatiam qual seria o primeiro ou o mais importante. Para Tales, por exemplo, o elemento primordial era a água; para Heráclito, era o fogo; para Anaxímenes, o ar; e, de forma interessante, para Anaximandro, nenhum desses elementos era o mais importante, pois todos precisavam surgir de algum lugar mais fundamental.
Após diversas experimentações filosóficas e intelectuais, Empédocles finalmente propôs o sistema dos quatro elementos que conhecemos hoje.
Hipócrates, que talvez conheçam do juramento hipocrático, usou os quatro elementos para criar a teoria dos quatro humores no corpo humano (bile amarela, bile negra, sangue e fleuma).
Com Aristóteles, encontramos um refinamento e expansão do pensamento dos quatro elementos. Ele propôs que cada elemento era composto por dois princípios e, por isso, poderia ser transformado em outro elemento de uma forma específica, respeitando esses princípios. Curiosamente, para os estudiosos de Aristóteles — que é considerado o pai de várias ciências — o interesse dele pelos elementos nem sempre é visto com bons olhos, sendo até considerado uma "falha" por alguns.
Outro momento importante para o tarot e os quatro elementos surge com a alquimia. A alquimia incorporou os quatro elementos em sua prática e filosofia, focando também na transformação da matéria e do espírito. Era uma "ciência" singular, que não distinguia o trabalho de laboratório do trabalho espiritual, como reflete o lema "ora et labora" (reza e trabalha), encontrado em algumas representações alquímicas.
Os alquimistas acreditavam que os processos envolvendo os quatro elementos não se limitavam aos experimentos de laboratório. Eles viam esses processos, descritos de forma simbólica e metafórica com a linguagem dos quatro elementos, como aplicáveis à transformação interior da própria pessoa. Em outras palavras, a alquimia, além de ser vista como uma protoquímica, também pode ser considerada uma forma primitiva de psicologia da transformação.
E com isso chegamos ao ponto principal da aula de hoje, pois a alquimia exerceu uma grande influência na vida e nos estudos de Carl Jung.
Jung e os Quatro Elementos
Apresentei esse resumo histórico para mostrar como a ideia dos quatro elementos surgiu na Grécia, há 2.600 anos, e como esse pensamento influenciou muitas pessoas ao longo dos séculos, incluindo Jung.
É inegável o impacto do legado alquímico, incluindo os quatro elementos, no pensamento de Jung. Basta observar seus escritos, especialmente aqueles onde ele fala sobre a alquimia.
Em 1913, Jung publicou seu livro Psychological Types, onde descreveu quatro funções primárias que, se não diretamente relacionadas aos quatro elementos alquímicos, foram influenciadas por esse conhecimento. Essas funções são:
Pensamento
Sentimento (emocional)
Sensação (sensível)
Intuição
As quatro funções foram divididas por Jung em dois grupos: racionais e irracionais (sem conotação negativa):
Racionais: Pensamento e Sentimento (emocional)
Irracionais: Intuição e Sensação
Diz-se que a tipologia proposta por Jung foi uma resposta às teorias de personalidade propostas por Freud e Adler na época.
Jung foi o primeiro a introduzir os conceitos de extroversão e introversão, que ele via como atitudes, enquanto as quatro funções eram entendidas como modos ou orientações que uma pessoa adota na vida e em diferentes situações.
Na teoria de Jung, todos usamos as quatro funções, mas cada pessoa tende a ter uma preferência por uma delas, que se torna a função dominante. A função menos utilizada ou preferida seria, então, a oposta à função predominante.
Para Jung, o Sentimento era o oposto do Pensamento.
O Sentir de Sensação era o oposto da Intuição.
O pensamento de Jung é extremamente profundo e complexo em seus livros originais. O que apresentei aqui é uma grande simplificação. Para quem tiver interesse, recomendo tanto as obras primárias de Jung quanto livros secundários sobre sua vida e pensamento. Além de enriquecer a vida pessoal, esses estudos podem adicionar mais uma camada de compreensão ao estudo do Tarot.
Como vocês sabem, este não é um curso de Tarot jungiano, mas sim um curso de Tarot meta-moderno, com foco em trilhar o caminho intuitivo e esotérico. Aqui, a pesquisa e o entendimento das ideias de Jung são relevantes, mas não os pontos principais.
O livro de Jung sobre as quatro funções e duas atitudes causou grande impacto, não sem críticas, claro, o que é natural em um ambiente acadêmico. No entanto, sua influência para as quatro formas de aprendizado é notável e relevante para o que vamos discutir hoje.
As Quatro Formas de Aprendizado
Começando pelas duas atitudes, extrovertida e introvertida:
O aprendiz extrovertido tende a:
Gostar de aprender de forma prática e aplicada.
Tomar iniciativa própria.
O aprendiz introvertido tende a:
Preferir aprender em silêncio e solidão.
Gostar de refletir e observar os outros antes de tentar algo por conta própria.
Cada uma das quatro formas de aprendizado pode ser expressa de forma extrovertida ou introvertida.
Aprendiz do Pensamento (Thinking Learner)
Interessa-se por lógica e padrões.
Tende a não incluir emoções no processo de tomada de decisão.
Foca na resolução de problemas racionais.
Aprendiz do Sentimento (Feeling Learner)
Está inerentemente interessado nas pessoas e nas emoções delas.
Conectado com as próprias emoções.
Toma decisões baseadas nas emoções do momento.
Foca na resolução de problemas emocionais.
Aprendiz do Sentir de Sensação (Sensing Learner)
Foca em problemas tangíveis e não abstratos.
Presta atenção nos detalhes.
Pragmático
Intuitive Learner
Preferência por ideias abstratas e teorias.
Gostam da visão geral ("big picture") em vez de detalhes.
Não gostam de trabalho repetitivo.
Com esse modelo de aprendizado, inspirado em Jung e, por sua vez, inspirado pela Alquimia e pelos quatro elementos, podemos agora refletir sobre nós mesmos.
Reflexão: Minha Forma de Aprender
Qual caminho estamos preferindo? Qual é provavelmente a nossa forma dominante de aprender? Lembrando que os outros três também existem, mas não com a mesma frequência ou preferência.
O caminho intuitivo conversa mais com o Intuitive Learner ou com o Feeling Learner? Como seria um caminho intuitivo com mais foco no aprendizado de Feeling versus um aprendizado intuitivo?
E o caminho esotérico, como ele se conecta com o Thinking Learner e o Sensing Learner?
Entender e estudar esse modelo e aplicá-lo a nós mesmos não é só importante para o nosso desenvolvimento, mas também para a leitura das cartas. Lembrando dos pontos sobre a comunicação, não basta saber o que comunicar, precisamos também saber como comunicar. O modelo de Jung pode ser usado como guia para melhor "embalar" a mensagem, para que ela seja entendida pelo requerente de acordo com a preferência de entendimento dele.
Devemos ter cuidado para não usar isso de maneira manipulativa, priorizando o "como" da mensagem sobre o "o quê" da mensagem. Aqui há o risco de criar uma situação em que a pessoa talvez goste do que você falou, mas não porque você leu as cartas corretamente, e sim porque, de maneira intuitiva ou racional, você adaptou o que queria dizer, e não o que as cartas realmente queriam comunicar.
próxima aula estará disponível semana que vem :)